Devo admitir que tenho uma
incrível facilidade para me afeiçoar a tudo que envolva cavalos. Vejam
bem, sou uma criatura extremamente urbana e jamais trocaria a cidade
pelo campo. Porém me deixo seduzir fácil por qualquer atmosfera bucólica
envolvendo cavaleiros e lugares provincianos.
Esse fator provavelmente influenciou bastante para que A corrida de
Escorpião de tornasse um dos meus livros favoritos. Desde que Alec foi
parar numa ilha após um naufrágio com apenas um puro sangue como
companhia em Corcel Negro (Walter Farley), eu não lia um livro sobre
essa relação entre cavaleiro e montaria, humanos e cavalos, que vai
muito além de necessidade de sobrevivência ou de adrenalina.
Na estória de Maggie Stiefvater somos apresentados a Sean Kendrick e
Puck Connolly. Ambos vivem na mesma ilha e amam seus cavalos, mas as
semelhanças entre eles acabam aí. Enquanto Puck é uma garota que é
aberta quanto ao que sente e que ama demais seus irmãos, o lugar em que
vive e sua égua, Dove, Sean é um rapaz fechado, quieto e introvertido.
Aos dezenove anos, ele já foi quatro vezes campeão da corrida de
Escorpião e se ganhar este ano, poderá ter o que mais quer na vida:
Corr, sua montaria e seu melhor amigo. Um cavalo d’água.
Mas Puck também precisa vencer ou toda a vida que conhece estará
perdida. Ela tem que fazer isso para manter a família unida e um teto
sobre suas cabeças, não importa se seja necessário desafiar todas as
tradições das corridas ou mesmo arriscar a própria pele e a da sua amada
Dove.
A narrativa do livro é mágica. Verdade. Não importa se você não achar
a história tão interessante ou original (mas claro, é insanidade não
achar), a forma como a autora escreveu vai te seduzir e você vai querer
poder visitar a ilha de Thisby e ver os capaill uisce emergindo do mar, tão belos, fantásticos e ferozes.
Além dessa história maravilhosa, há o romance que não é nada meloso
do tipo “morro por você e você morre por mim” ou “vamos escrever nossos
nomes nessa árvore”, mas algo real. Puck e Sean se aproximam e se
conquistam aos poucos, e isso é desconcertante e bonito ao mesmo tempo. É
algo sólido e real e quase tão bem desenvolvido quanto a relação deles
com seus cavalos.
“— As outras pessoas nunca foram importantes para mim, Kate Connolly. Puck Connolly. (Sean Kendrick, pag. 205)”
É uma história maravilhosa, que merece os prêmios que obteve e que
também merece ser lida por todos que amam cavalos e narrativas poéticas
que tocam bem fundo. Um livro mais do que recomendado!


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